ainda que estivesse morta, a desejei... poucas vezes a comi enquanto vivia, agora que morreu é necrofilia!
até mesmo, eu me diria, com exceção de algumas ostras em agonia e ocasionais moscas e insetos itinerantes,
de boca aberta em posição de esponja permitindo o livre acesso, raras foram as vezes nas quais a comi viva.
comê-la tornou-se uma obsessão, um ronco surdo na barriga anunciava cada vez que sentia a sua ausência,
a expectativa de tê-la ao meu alcance, deitada sobre a mesa, preparada para o sacrifício prazeroso, pronta!
pra ser inteiramente consumida, aos poucos, aos bons bocados lentamente apreciados, gostosa e suculenta.
olhei pra ela e achei-a linda, colorida, vibrante, seu calor se irradiava e um aroma se desprendia, me atiçando.
enfiei a língua entre suas seivas de odor selvagem, lambi seus sucos e comparei com o sabor do suor salgado,
como amassei suas carnes e percebi que se entregava lânguida, quase inerte, também desejando ser comida.
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